segunda-feira, 18 de abril de 2011

1º Encontro de Mulheres Estudantes do Ceará

Parabéns à todas as mulheres que compareceram e construíram este debate fundamental para as estudantes cearenses! Abaixo segue as fotografias do evento:











P.s.: Se você participou do evento e tem suas próprias fotografias, envie para o email: emeceara@hotmail.com. Nós estaremos postando aqui no blog!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Programação do Pré-EME Ceará

Pré-EME Ceará
16 de Abril às 9h
Local: IFCE - Fortaleza.
Av. 13 de Maio, 2081.

9h - Mesa de abertura

11h - Exibição de mídia

11h30 - Dinâmica de apresentação

12h - Almoço

13h - Grupos de discussão
. Mercantilização do corpo e da vida das mulheres
A luta das mulheres nas escolas e nas universidades
. Feminismo para combater racismo e a lesbofobia

15h - Encaminhamentos dos GTs

16h - Dinâmica de aproximação

17h - Atividade Cultural

Programação do 4º EME em Salvador - BA

 21 de abril
18h00 – Mesa de Abertura
19h00 – Atividade Cultural


 22 de abril
09h00 – Mesa Eixo 1:
Ô abre alas que as mulheres vão passar! Igualdade é poder.
Iriny Lopes, Ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres; 
Ticiana Studart, da Marcha Mundial das Mulheres;
Deputada Federal Alice Portugal PC do B - BA;
Fabya Reis, do MST; 
Louise Caroline, Secretária Especial da Mulher em Caruaru – PE;
Zilmar Alberita, do Círculo Palmarino.

12h30 – Almoço

14h00 – Mesa Eixo 2:
Mulher e o mundo do trabalho.
Rosana Sousa de Deus, Juventude da CUT; 
Raimunda Gomes, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB;
Creusa Maria, Presidente da FENATRAD;
Carmem Foro, Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG; Fernanda Melchionna, Vereadora de Porto Alegre;

17h00 – Grupos de Discussão
· Movimento Estudantil
· Saúde
· LGBT
· Assistência estudantil
· Economia solidária e feminista
· Mulher negra
· Mídia
· Violência contra a mulher.

19h00 – Jantar
20h30min – Atividade Cultural

 23 de abril
09h00 – Mesa Eixo 3:
As mulheres transformando a Universidade.
Luiza Bairros, Ministra da Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial; 
Lucia Stumpf, ex-presidente da UNE e dirigente da UBM;
Alessandra Terribili, Marcha Mundial das Mulheres; 
Daniele Jardim, historiadora e pesquisadora;
Luciana Mandelli, Diretora de Programas da SPM.

12h30 – Almoço
14h00 – Dinâmica sobre a Legalização do Aborto
17h00 – Atividades Autogestionadas; Trocas de experiências entre coletivos feministas;
19h00 – Jantar
20h30 – Atividade Cultural

24 de abril
09h00 - Plenária final
13h00 - Almoço

A importância da auto-organização feminista!

A necessidade de espaços de auto-organização das mulheres é latente. É preciso compreender o feminismo como um movimento questionador de todo um sistema que se legitima e se reafirma na reprodução desses valores de subjugação. E assim, assumindo-se que as mulheres têm de conquistar sua emancipação, e essa luta é casada com a necessidade de se construir uma outra sociedade, torna-se ainda mais importante instrumentalizar as companheiras para isso.

É preciso gerar uma identidade política coletiva das mulheres, porque é o que as unifica e as coloca em movimento. Os espaços de auto-organização garantem debate e planejamento com base em experiências e impressões que todas compartilham, porque sofrem na pele essa opressão. Apenas as mulheres podem dizer o que é ser mulher, do que elas precisam, como vêem o mundo, para, a partir daí, saberem identificar sua disputa. As conquistas não são concessões. São conquistas. Embora seja fundamental contar com a solidariedade e a colaboração dos companheiros nessa luta, há que se compreender que se devem preservar os espaços das mulheres pensarem e se organizarem para uma luta que é, em primeiro lugar, delas.

A discussão de gênero não pode ter o objetivo, meramente, de correção de atitudes, ou de transformação de comportamentos particulares. Somos feministas, fazemos política e entendemos o movimento de mulheres como um movimento social porque queremos ir muito para além, queremos interferir na vida das mulheres e na opressão que sofrem cotidianamente através de ações políticas que nos permitam essa capilaridade. Queremos transformações estruturais na sociedade moderna, que nos permitam viver livres de toda forma de subjugação de um ser humano por outro.

Conquistas não vêm por decreto. Muito menos por favor. Não precisamos convencer os homens a deixarem de oprimir as mulheres, porque compreendemos a sociedade como algo um pouco mais complexo que isso e, conhecemos nossa potencialidade de protagonistas da nossa própria história.

Paulo Freire dizia que a emancipação de um setor oprimido somente virá por obra desse mesmo setor oprimido. É isso que buscamos com os espaços de auto-organização: autonomia. Relações de gênero são sim relações de poder, e as mulheres não buscam inverter a seta da opressão. Buscam uma sociedade igualitária. E para essa busca, os espaços de cada um devem ser respeitados. Quem transforma a história são sujeitos políticos coletivos, que sabem quem são, por que lutam e onde querem chegar. A libertação das mulheres passa, sem dúvida, por aí.
Por: Alessandra Terribili, ex-diretora de Mulheres da UNE

Ceará cada vez mais lilás!

DCE do IFCE conquista reivindicação histórica das mulheres!




Viemos através desta nota socializar com nossas companheiras uma importante conquista que obtivemos na formulação da política da assistência estudantil do IFET CE. Fomos convocados pela reitoria de nossa instituição para colaborarmos na formulação desta política. Aproveitamos a oportunidade para inserir como pautas uma série de reivindicações históricas do M.E, assim como dos movimentos sociais. O fato de nossas verbas para assistência estudantil terem sido triplicadas, nos foi suficiente para aproveitarmos a oportunidade de inserir todo o nosso acúmulo e proposições para a Assistência estudantil. Tivemos a preocupação de levar em conta nesta política os aspectos sócio-econômicos e recortes específicos como garantia de permanência na Universidade e da condição juvenil cearense. Apresentamos uma pauta que vem sendo reivindicada historicamente pelas mulheres estudantes. Sabemos que muitas mulheres ao decorrer de sua graduação acabam engravidando. Esta é uma realidade muito comum aqui no Ceará. Muitas vezes acabam tendo de exercer uma maternidade indesejada e por consequência vêm a trancar seus cursos, cancelar suas matrículas e adiar seus projetos de vida. Desde que começamos a nos organizar enquanto coletivo no IFET e nas demais Universidades, tivemos a compreensão de entender que a auto organização das mulheres era importante não apenas para que o meio acadêmico compreendesse o papel elas exercem na sociedade, mas também porque estas são sujeitas à opressão e só elas podem reivindicar questões específicas capazes de atender suas demandas. Então desde o princípio defendemos a criação de creches em nosso Instituto, para que as mulheres estudantes pudessem ser bem sucedidas em sua jornada acadêmica e que a maternidade não pudesse impedir as mulheres de realizar sua graduação. Viemos há algum tempo debatendo a pauta das creches no IFET e encontramos diversas resistências. Algumas pelos custos de criar e manter uma creche e outras pela falta real de espaço físico no IFET. Então conseguimos dialogar e garantir uma bolsa auxílio-maternidade, um subsídio para que as mulheres estudantes pudessem deixar seus filhos em creches, escolas ou com babás. A Bolsa atenderá mulheres estudantes regularmente matriculadas, com filhos de 0 a 12 anos e com filhos de qualquer idade portadores de necessidades especiais. O valor da Bolsa será calculado pelo número de filhos, com teto de até três filhos. O tempo de concedimento do auxílio beneficiará mulheres com vista no tempo regular para conclusão da graduação com o acréscimo de até 50% do tempo regular. O Coletivo de mulheres do IFET CE está comemorando a grande vitória das mulheres, do DCE e da Kizomba. É de grande felicidade também para nós que esta reivindicação tenha sido atendida no mês de março, mês simbólico para a luta das mulheres. Além desta conquista conseguimos implementar na política de assistência estudantil o Bolsa Atleta, bolsa cultura, o aumento da bolsa de permanência, o aumento do auxílio alimentação, moradia e transporte. Outro ponto importante é que a única exigência para que as mulheres tenham garantia da bolsa é que estas tenham pelo menos 70% de frequência geral nas aulas. O critério de reprovação de disciplinas não afetará a garantia da bolsa. Esperamos ter feito uma contribuição positiva para o M.E e gostaríamos de deixar agradecimentos especiais a companheira Isabel Cristina, Diretora de Mulheres do DCE e da Kizomba Lilás e para o coletivo de mulheres do IFET CE.”


Carta do DCE José Montenegro de Lima IFCE

As mulheres e a educação tecnológicca


A educação técnica no Brasil há dois séculos exerceu diversas funções. Posto que em primeiro lugar expandia-se de forma assistencialista, atendendo as classes menos favorecidas da sociedade, dentre elas, órfãs e desvalidos da sorte. Porém, posteriormente, a educação técnica adotou um perfil excluidor e demarcador, tornando-se extremamente sexista, e no quesito educacional, agindo como uma ponte excluidora entre os gêneros.


No contexto histórico a educação técnica serviu para consolidar a divisão sexual do trabalho na sociedade, onde as mulheres não possuíam abertura no mercado para exercer profissões no ramo de eletrotécnica, refrigeração, manutenção industrial, etc.


No final do século XX, as mulheres provaram a sua capacidade de auto organização e unidas em diversos movimentos feministas reverteram quadros históricos de opressão. Segundo informações do Censo, nos dias atuais as jovens mulheres ocupam metade das matrículas em cursos profissionalizantes. O nível de escolaridade das mulheres também mostra-se demasiadamente mais elevado do que a média masculina. A prevalência das jovens mulheres entre as mais escolarizadas ocorre a partir do ensino médio e se estende ao superior. Todavia, independente de formação, as mulheres obtêm rendimentos precários comparado ao rendimento dos homens no mercado de trabalho.


Portanto, é de extrema importância que as jovens estudantes protagonizem a luta feminista no movimento estudantil e na sociedade, a fim de promover mudanças nas vidas – já tão predestinadas – das mulheres.


Por: Louise Félix, diretora de Combate às Opressões da UBES

Fora machismo nas universidades!



Mais um semestre se inicia e ainda há quem diga que não existe machismo na universidade - alguns acreditam que ele nunca existiu, outros que ele já está superado. Infelizmente, essa não é a realidade encontrada pelas estudantes nas faculdades: inúmeras situações nos mostram que o machismo ainda está muito presente.

O machismo existe na universidade assim como existe na sociedade como um todo, mas a universidade deveria ter o papel de transformar a sociedade combatendo essas  desigualdades que a estruturam, e não reproduzindo essas opressões.

Ainda somos minoria nos postos de liderança - nas reitorias, chefias de departamentos, faculdades. Quantas mulheres reitoras conhecemos? Mesmo nos cursos majoritariamente ocupados por mulheres, muitos homens acabam se mantendo nos cargos de direção.

O currículo de grande parte dos cursos de graduação não possui recorte de gênero. Disciplina que discute gênero, quando existente, se resume a uma eletiva. E depois de formadas? Recebemos salários em média 30% inferiores aos dos homens. Apesar de sermos maioria nos bancos da universidade, desde a década de 80, a desigualdade permanece, somos marginalizadas e os trotes machistas refletem essa situação.
Se hoje nós, mulheres, representamos a maior parte do corpo discente da universidade sendo 55% das/dos estudantes matriculadas/dos, precisamos radicalizar nossa luta pelo fim dos trotes machistas. Hoje somos a maior parte das/dos estudantes, e, portanto, podemos afirmar que os trotes humilhantes atingem a maioria do corpo discente brasileiro.

Até mesmo nas representações discentes percebemos a reprodução da lógica discriminatória. É possível perceber ainda que, mesmo em cursos onde estamos em ampla maioria, os centros acadêmicos e, especialmente, as comissões de trotes e chopadas têm uma maioria de participação masculina. Exatamente nesses cursos, percebemos a utilização da imagem da mulher associada a “consumo”, dessa forma, “objetificando” as mulheres na divulgação dessas atividades. É bem simples a exemplificação: quantas vezes nos deparamos com cartazes de calourada dos cursos de enfermagem, fisioterapia e serviço social – majoritariamente femininos - com imagens dentro desse perfil?

Mesmo no período de férias da maior parte das universidades, iniciamos o semestre com um duro acontecimento para a vida das mulheres estudantes. No trote de agronomia da UnB as estudantes participaram de uma atividade intitulada de "festa da humilhação". As estudantes calouras foram obrigadas a encenar um ato de sexo oral com uma linguiça em público, oferecida pelo presidente do D.A, que estava vestido com trajes de mulher e carregando uma faixa presidencial fazendo referência a primeira mulher eleita presidenta no Brasil.

Uma menina que passa por uma situação como esta com certeza levará essas cicatrizes ao longo de sua graduação. É colocado para esta estudante, em seu primeiro contato com a universidade, o papel que ela deverá incorporar ao longo da sua vida universitária e também para além desta. Este papel de inferioridade, de subordinação, nos diz que não temos o mesmo direito que os homens de pertencer a este a espaço. É muito claro que ao sermos recebidas, após muita dedicação para entrarmos na universidade, de maneira humilhante e machista, nos é impelido a ocupação deste espaço de determinada forma, ou seja, a subordinação ao desejo dos homens. Além disso, independentemente do nosso desempenho acadêmico, iremos estudar ao longo de nossa graduação ao lado de meninos que se sentiram no direito de nos humilhar publicamente de forma machista apenas pelo fato de sermos mulheres. 

O constrangimento e símbolos incutidos nesta situação de trotes vão na contra-mão da proposta de receber os calouros nas universidades, sendo que a proposta de realmente receber os estudantes é plenamente possível, seja com debates, projetos ou confraternizações culturais que dão outro a caráter ao trote, como os trotes solidários. O movimento estudantil como um todo, em todas suas entidades, deve colocar um fim nos trotes machistas e humilhantes nas universidades. Eventos como o ocorrido na UnB desmoralizam as estudantes perante a sociedade e prestam um desserviço a todas/os que constroem um movimento estudantil que luta por uma educação socialmente referenciada que sirva à superação das opressões, do machismo, da homofobia e do racismo.

Por: Clarissa Alves da Cunha, militante da Marcha Mundial das Mulheres.